Não, você não sabe. Eu pratico e estudo esta filosofia a mais de três anos, e até hoje estou formando meus conceitos sobre o que é Yôga. Para responder com propriedade e rigor a esta pergunta você precisaria fazer um curso de alguns meses, anos, e ainda assim é possível que você não conseguisse entender perfeitamente.
Isto porque o Yôga, dentro de uma classificação ocidental, é considerado uma filosofia prática. Se é prático, você tem que praticar, vivenciar, para aí sim compreender. Se depois de ler este post você achar que sabe, lembre-se de que não sabe. Além de ser uma filosofia prática, o Yôga é extremamente abrangente, tem um acervo gigantesco de técnicas, que podem ser executadas de maneiras diferentes, com bases diferentes, o que faz com que existam muitas linhas diferentes e conflitantes. No entanto, Yôga não é nenhuma das suas técnicas, não é um tipo de exercício, não é meditação e muito menos relaxamento. Para completar o fuzuê existem diversas outras atividades baseadas no Yôga, algumas até com nomes parecidos, mas que definitivamente não são Yôga.
Está muito confuso? Se consegui te mostrar que realmente você não sabe o que é Yôga então podemos tentar esclarecer algumas coisas, deixando de lado os velhos pré-conceitos. Vamos começar com a definição formal mais aceita no mundo, proposta pelo Mestre DeRose:
“Yôga é qualquer filosofia estritamente prática que conduza ao samádhi.”
Se agora você se perguntou – mas o que é samádhi? – começou a perceber a complicação. Samádhi é um estado expandido de consciência, só proporcionado pela prática do Yôga. Ou seja, só quem já atingiu o samádhi sabe o que é, pois é impossível de descrever. Assim sendo, você tem basicamente (no meu ponto de vista) três alternativas:
- Simplesmente não acreditar nisso, ou não se importar, e continuar vivendo sem isso;
- Acreditar que existe o tal de samádhi, colocá-lo como meta de vida, e concentrar todas as suas energias na prática do Yôga, buscando esta meta;
- Praticar Yôga de forma a não se importar muito se vai se chegar ao samádhi, mas curtindo a trajetória, certo de que este tempo foi bem empregado, mesmo que no final não levasse a lugar nenhum.
Acho que adoto mais a última opção. E aí entra minha visão pessoal sobre o que é o Yôga. Eu pratico pois gosto, porque eu me sinto bem, e a cada dia me sinto melhor em todos os aspectos. Vejo o Yôga como uma ferramenta de auto-estudo, e que possibilita mudanças para melhorar. Abre olhos e rompe paradigmas, para que você possa optar pela melhor forma de fazer as coisas na sua vida. E isso atuando de forma muito abrangente, modificando por exemplo a forma de alimentação, a respiração, a movimentação, a comunicação, o raciocínio, a aparência, as manias, etc. Costuma-se dizer que o Yôga ajuda em qualquer atividade que você deseje desempenhar com mais eficiência, apesar de não ser este o propósito da sua prática.
E vale sempre a pena reforçar: o Yôga não acalma, não é místico e não é zen. É uma atividade que só aumenta a energia, a força e a lucidez do praticante. Gostou? Então vá praticar, aí sim será Yôga.
Muito bem escrito seu texto, como sempre. Realmente, “optar pela melhor forma de fazer as coisas na vida” tem tudo a ver com Yôga. Gostei dessa interpretaçao.
Beijo,
Rafaela (direto da Patagônia =D)
Concordo, muito bem escrito!!!
Beijos
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